7 de março de 2012

A VIAGEM



No dia 26 de janeiro de 2012 acordamos cedo para ir a primeira consulta com o oncologista marcada pelo meu médico no HCAL em Macapá-AP, até ai ninguém além da minha mãe, do meu pai, da minha irmã, do meu amigo Paulo Fernandes e do meu pastor sabiam o que estava acontecendo comigo, então eu e minha mãe fomos para o médico e meu pai ficou em casa ansioso esperando por notícias. Cheguei ao hospital, e tudo pra mim era novo, parecia um pesadelo, vi pessoas tristes, debilitadas, e fiquei muito assustada, mesmo já tendo trabalhado nessa área, só que agora era eu, era comigo, enfim, também vi pessoas sorrindo contando que estava vencendo e eu pensava: Será que vou conseguir contar minha história? Minha mãe não saiu um momento do meu lado, e meu pai ligava a cada cinco minutos para saber notícias, então esperamos ansiosas pela chegada do médico, nesse dia eu estava com muita dor, mas não tive coragem de falar para os meus pais, pois eles já estavam sofrendo demais, então suportei, ergui a cabeça e fiquei firme. Finalmente o médico chegou, eu fui a primeira a ser atendida, pois eu estava com poucos dias de cirurgia, então entramos na sala, e o médico começou a fazer algumas perguntas e em seguida começou a explicar sobre o câncer de ovário, que era um dos mais agressivos, o 4º mais agressivo e falou a facilidade que tinha de se espalhar para outros órgãos na região do abdome e que era muito grave, que eu teria que fazer uma cirurgia o mais rápido possível para poder começar a quimioterapia, e torcer para não ter se espalhado, e que não podia perder mais tempo de jeito algum. O médico foi bem sincero, abriu o jogo, disse os riscos, as chances, foi meio assustador, eu me vi do ladinho da morte, era como se minha vida tivesse acabado ali naquela sala, como se meus sonhos tivessem sido todos enterrados, minha vontade era de gritar, chorar, mas minha mãe estava ali, chorando, triste, desnorteada, ela chorou muito, muito mesmo, ela chorava falando: Doutor a minha filha vai morrer? Eu não quero perder minha filha, me ajude, ai ela me abraçava chorando e dizendo filha eu não quero te perder, eu não vou suportar, promete que não vai deixar a mamãe, e eu engolia o choro, e pedia pra ela se acalmar que eu estava bem, mas parecia que nada adiantava, minha mãe ficou desesperada, não conseguia parar de chorar, então o médico falou: A senhora precisa se acalmar pra entender as orientações que tenho que dar, e ela não tinha condições de nada, então eu disse: pode falar doutor eu estou ouvindo, então ele me explicou o que eu deveria fazer, os exames pré-operátórios que eu tinha que fazer, e que eu tinha que fazer tudo com urgência, saindo de la fui encaminhada para o serviço social, onde quem é o responsável para entrar na sala é o acompanhante, que era minha mãe, mas como? Ela não parava de chorar, e eu ali perdida, mas me esforçando para finalmente ser adulta, então entramos na sala, o assistente social começou a fazer as perguntas para minha mãe e dar as orientações, mas minha mãe estava totalmente sem condições, então o assistente falou: A senhora tem que se acalmar, para poder passar segurança para sua filha, eu vou passar as orientações pra ela que esta calma. Então eu sorri, aquele sorriso sem graça, engolindo o choro, mas prestei atenção em tudo, e quando saímos de la, minha mãe ligou pro meu pai, ela não conseguiu falar então passou o telefone pra mim, e eu com calma falei tudo o que o médico oncologista falou, eu disse: Pai, acabei de sair do médico, ele disse que realmente é grave e que tenho que fazer uma cirurgia com urgência, meu pai então ficou calado, e depois de um tempo voltou falando: Ho minha filha, calma, vai ficar tudo bem, quando ouvi meu pai chorar, não consegui segurar o choro, mas logo me recuperei e fui com minha mãe de carro pegar meus documentos em outro hospital que tinha esquecido no dia anterior, minha mãe estava dirigindo, então no meio de uma avenida muito movimentada, ela se descontrolou e começou a chorar muito, e eu pedia pra ela se acalmar e prestar atenção na direção do carro se não ela ia bater, foi a pior cena que vi em toda minha vida, minha mãe gritava dentro do carro desesperada dizendo que não queria me perder, e eu ali do lado dela, me segurando pra ser forte por mim e por ela, foi muito duro, difícil, triste, espero que ninguém passe por isso, até que ela se acalmou um pouco, chegamos e desci para pegar os documento e voltamos para o HCAL, onde tinha que fazer alguns exames, e eu continuava com a dor muito forte no peito, sem falar nada pra ninguém, então comecei a orar: Senhor Jesus, me ajude, eu estou sem chão, me dê forças pra eu poder dar força pra minha família, eu sei que não mereço, mas eu lhe imploro, por favor me ajude, não me abandone, então fui fazer o primeiro exame dos muitos que teria que fazer pra cirurgia, comecei com o RX do tórax, precisava de tudo com urgência, em todos os meus pedidos de exame, em cima estava escrito urgente, porém não adiantou muito, afinal todos sabem como é a saúde pública do nosso querido Brasil, mas eu orei antes e Deus colocou as pessoas certas na hora certa, quando cheguei para fazer o RX, disseram que não podia fazer naquele dia, porque estava sem médico para dar o laudo, então uma senhora, tenho certeza que colocada por Deus, começou a conversar comigo e viu a minha situação e se comoveu, entrou e quando voltou, trouxe a autorização para eu fazer o exame, eu a agradeci muito e fui para a sala do RX, quando cheguei la informaram que não tinha mais vaga, porque quando o diabo vem, ele não vem sozinho, rsrsr mas eu orei antes e mais uma vez Deus se fez presente, e a moça que marcava o exame começou a conversar comigo e disse que ia me encaixar, então fiz o RX para pegar o laudo a tarde. Pouco tempo depois, meu pai chega, com o olho inchado de tanto chorar, eu o abracei e disse: Vai dar tudo certo papai, e mais uma vez ele começa a chorar, e eu ali firme, mas por dentro totalmente destruída, em seguida chega um amigo dele (Júnior Góes) e vejo meu pai pela primeira vez chorando na frente de alguém, me afasto e vou la pra frente esperar a minha mãe que tinha ido pegar o carro atrás do hospital, quando encontro uma amiga (Vanessa Cardoso) e eu pensei: Finalmente alguém pra eu poder colocar pra fora o que estava pra explodir, então levei ela pra um cantinho escondido para meus pais não me verem chorando, e comecei a falar o que tinha acontecido, ela me deu um abraço e comecei a chorar, mas rápido me recuperei, pois meu pai me chamou, então me despedi dela e voltei a ser durona novamente, logo depois fomos para casa, todos  muito tristes, eu ia pensativa, tentava fazer uma piadinha, mas era difícil arrancar um sorriso dos meus pais, mas eu continuava, e em um determinado momento minha mãe me olha sorri e diz: Nos vamos vencer minha filha, apenas dei um sorriso, mas por dentro eu chorava pedindo socorro. Não comentei de início com muitas pessoas, liguei para meu amigo Dionatan Castro, para o Caio Pereira e liguei para minha amiga Carla Sheylane, quando contei, ela chorou muito, então vi o quanto se importava comigo, me senti feliz e disse que iria vencer e mostrar quem era o meu Deus, nos dias seguintes fui contando aos poucos para os outros amigos e família em geral, recebi muita força deles, obrigada queridos!
Quando contamos para minha família paterna, eles não permitiram que eu fizesse meu tratamento em Macapá, falaram que la não tinha estrutura, e realmente não tem, mas ficamos tão sem ação que nem pensamos nisso, então minha tia Rosiane, tia Rosa e tia Margareth disseram: vamos mandar ela pra Belém, para o Hospital Ophir Loyola que é referencia na região Norte, foi difícil conseguir os documentos pra transferência, e pra piorar tudo, meus pais estavam passando por um momento financeiro complicado, e ai? O que fazer? Minha família me deu todo o apoio que poderiam dar, me emociono ao falar disso, pois eles me ajudaram muito. Certo dia meu tio ‘’Mick’’ foi em casa, e perguntou se meus pais estavam, eu disse que não e que ele poderia entrar pra esperar, ele perguntou quando eu ia viajar, então expliquei que faltava alguns documentos, e ele começou a chorar, eu fiquei sem reação, perguntei se ele  queria algo, e ele não parava de chorar, ate que meus pais chegaram, e quando meu pai viu o irmão dele, caiu no choro também, ai pronto, aguenta coração, eles entram começaram a conversar na cozinha, quando ele coloca 2.000 mil reais em cima da mesa e diz, essa é minha contribuição pra ajudar minha sobrinha no tratamento, e começa a chorar dizendo que se pudesse ele tirava a doença de dentro de mim e colocava nele, então continuaram a conversar, a noite fomos para o aniversário da tia Zazá, quando chego la, todos me abraçaram e deram palavras de força, quando vi em um certo momento minha tia Eliete chorando conversando com minha mãe, eu me senti mais uma vez amada e senti forças pra continuar lutando.  Meus tios se reuniram junto com o meu pai e vim para Belém com minha mãe, minha irmã e minha tia Rosiane, no aeroporto fui recebida pela minha tia Fátima, minha amiga tia Naza, por meu primo Andrey e a esposa dele, fui muito bem recebida graças a Deus, minha família materna mora toda em Belém, e ficamos na casa do meu tio Roberto. Então dia 01/02/12 começou a luta pela vida em Belém do Pará. E com o passar dos dias descobri algo muito forte em mim e nos meus pais, descobri que possuía uma força que nem eu mesmo sabia que tinha, uma força que me encorajou a lutar pela vida, pela vitória, uma força divina, a força de Deus, mesmo que em alguns momentos eu fique triste, eu sempre encontro forças novamente, a mesma força que meus pais descobriram, minha mãe aqui em Belém lutando comigo me dando força quando desanimo, força que a fez tomar a frente de tudo com muita garra, e meu pai la em Macapá que faz de tudo pra depositar dinheiro sempre que preciso pra ajudar a pagar meu tratamento, que por sinal não é nada barato, meu pai é um herói, o melhor pai do mundo, sinto muita saudade dele, graças a Deus existe o telefone, falo com ele todos os dias, e ele vem me visitar no dia da minha cirurgia. \o/
Minha vinda pra Belém não foi fácil, mas a guerra começou quando cheguei em Belém, conseguir uma consulta em um hospital referencia não é fácil, a primeira consulta é sempre difícil de encarar. ansiedade, medo, todos os tipos de pensamentos negativos, exames pra fazer, enfim, falarei sobre isso no meu próximo post.
Até a próxima!
Fé, coragem, força, determinação e esperança pra vocês...
Beijinhos e que Deus abençoe à todos! ;D

8 comentários:

  1. É isso ai Kamilla.
    Nunca esqueça que Deus é o ser mais poderoso que existe e tudo que ele faz tem um propósito. Apenas creia!

    Força.

    Sacid Caderard

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  2. Que lindo kami, seus pais são herois, guerreiros como você, fica com Deus!!

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  3. Quero que nosso senhor jesus Cristo lhe de muita força e determinação para que vc vença essa batalha... Deus é poderoso ele vai ti curar vai dá tudo certo. Um grande Beijo e A braço ta vc merece...

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  4. Eis o que encontro passando pela blogosfera: Força, Garra, superação! Tudo isto, é claro, com uma dose, das bem grandes, de fé.

    Confesso, minha querida, não posso dizer nem que imagino como você se sente, mas eu posso orar, torcer e crer que tudo vai dar certo!

    Na plateia da vida já tem mais uma para aplaudir sua vitória!

    Grande Abraço!
    Força. Sempre!

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  5. A bíblia diz que virá muitas tentações humanas sobre nós, mas que fiel é Deus, que junto com as tentações, dará também o ESCAPE para que possamos suportar...

    Junto com as provações sempre virá o escape... acredite nisso!

    Obs. passei por isso faz pouco tempo, hoje fazem 3 meses que operei de um tumor no estômago, senti cada uma dessas sensações com minha familia e amigos...

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  6. Obrigada queridos, realmente meus pais são meus heróis! Deus nos abençoe.. beijinhoos ;)

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  7. Dei uma passada no seu blog, pois tudo relacionado ao câncer me interessa, já trabalhei no Hospital do Câncer, tenho amigos enfrentando a doença... enfim... quero te parabenizar pela coragem, energia e disposição em dividir com o mundo a sua luta. Força e sinta-se abraçada de longe de uma mais nova admiradora!

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  8. Minha linda, chorei muito lendo. E sei tudo o que você passou pois com 26 anos recebi o diagnóstico de CA de ovário fiz cirurgia e químio. Com menos de 6 meses que tinha acabado a químico. Ele tinha voltado no outro ovário, fiz cirurgia novamente e já estava com metástase e agora me encontro fazendo quimioterapia de novo. Mais já estamos curada no nome do senhor Jesus Cristo.

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7 de março de 2012

A VIAGEM



No dia 26 de janeiro de 2012 acordamos cedo para ir a primeira consulta com o oncologista marcada pelo meu médico no HCAL em Macapá-AP, até ai ninguém além da minha mãe, do meu pai, da minha irmã, do meu amigo Paulo Fernandes e do meu pastor sabiam o que estava acontecendo comigo, então eu e minha mãe fomos para o médico e meu pai ficou em casa ansioso esperando por notícias. Cheguei ao hospital, e tudo pra mim era novo, parecia um pesadelo, vi pessoas tristes, debilitadas, e fiquei muito assustada, mesmo já tendo trabalhado nessa área, só que agora era eu, era comigo, enfim, também vi pessoas sorrindo contando que estava vencendo e eu pensava: Será que vou conseguir contar minha história? Minha mãe não saiu um momento do meu lado, e meu pai ligava a cada cinco minutos para saber notícias, então esperamos ansiosas pela chegada do médico, nesse dia eu estava com muita dor, mas não tive coragem de falar para os meus pais, pois eles já estavam sofrendo demais, então suportei, ergui a cabeça e fiquei firme. Finalmente o médico chegou, eu fui a primeira a ser atendida, pois eu estava com poucos dias de cirurgia, então entramos na sala, e o médico começou a fazer algumas perguntas e em seguida começou a explicar sobre o câncer de ovário, que era um dos mais agressivos, o 4º mais agressivo e falou a facilidade que tinha de se espalhar para outros órgãos na região do abdome e que era muito grave, que eu teria que fazer uma cirurgia o mais rápido possível para poder começar a quimioterapia, e torcer para não ter se espalhado, e que não podia perder mais tempo de jeito algum. O médico foi bem sincero, abriu o jogo, disse os riscos, as chances, foi meio assustador, eu me vi do ladinho da morte, era como se minha vida tivesse acabado ali naquela sala, como se meus sonhos tivessem sido todos enterrados, minha vontade era de gritar, chorar, mas minha mãe estava ali, chorando, triste, desnorteada, ela chorou muito, muito mesmo, ela chorava falando: Doutor a minha filha vai morrer? Eu não quero perder minha filha, me ajude, ai ela me abraçava chorando e dizendo filha eu não quero te perder, eu não vou suportar, promete que não vai deixar a mamãe, e eu engolia o choro, e pedia pra ela se acalmar que eu estava bem, mas parecia que nada adiantava, minha mãe ficou desesperada, não conseguia parar de chorar, então o médico falou: A senhora precisa se acalmar pra entender as orientações que tenho que dar, e ela não tinha condições de nada, então eu disse: pode falar doutor eu estou ouvindo, então ele me explicou o que eu deveria fazer, os exames pré-operátórios que eu tinha que fazer, e que eu tinha que fazer tudo com urgência, saindo de la fui encaminhada para o serviço social, onde quem é o responsável para entrar na sala é o acompanhante, que era minha mãe, mas como? Ela não parava de chorar, e eu ali perdida, mas me esforçando para finalmente ser adulta, então entramos na sala, o assistente social começou a fazer as perguntas para minha mãe e dar as orientações, mas minha mãe estava totalmente sem condições, então o assistente falou: A senhora tem que se acalmar, para poder passar segurança para sua filha, eu vou passar as orientações pra ela que esta calma. Então eu sorri, aquele sorriso sem graça, engolindo o choro, mas prestei atenção em tudo, e quando saímos de la, minha mãe ligou pro meu pai, ela não conseguiu falar então passou o telefone pra mim, e eu com calma falei tudo o que o médico oncologista falou, eu disse: Pai, acabei de sair do médico, ele disse que realmente é grave e que tenho que fazer uma cirurgia com urgência, meu pai então ficou calado, e depois de um tempo voltou falando: Ho minha filha, calma, vai ficar tudo bem, quando ouvi meu pai chorar, não consegui segurar o choro, mas logo me recuperei e fui com minha mãe de carro pegar meus documentos em outro hospital que tinha esquecido no dia anterior, minha mãe estava dirigindo, então no meio de uma avenida muito movimentada, ela se descontrolou e começou a chorar muito, e eu pedia pra ela se acalmar e prestar atenção na direção do carro se não ela ia bater, foi a pior cena que vi em toda minha vida, minha mãe gritava dentro do carro desesperada dizendo que não queria me perder, e eu ali do lado dela, me segurando pra ser forte por mim e por ela, foi muito duro, difícil, triste, espero que ninguém passe por isso, até que ela se acalmou um pouco, chegamos e desci para pegar os documento e voltamos para o HCAL, onde tinha que fazer alguns exames, e eu continuava com a dor muito forte no peito, sem falar nada pra ninguém, então comecei a orar: Senhor Jesus, me ajude, eu estou sem chão, me dê forças pra eu poder dar força pra minha família, eu sei que não mereço, mas eu lhe imploro, por favor me ajude, não me abandone, então fui fazer o primeiro exame dos muitos que teria que fazer pra cirurgia, comecei com o RX do tórax, precisava de tudo com urgência, em todos os meus pedidos de exame, em cima estava escrito urgente, porém não adiantou muito, afinal todos sabem como é a saúde pública do nosso querido Brasil, mas eu orei antes e Deus colocou as pessoas certas na hora certa, quando cheguei para fazer o RX, disseram que não podia fazer naquele dia, porque estava sem médico para dar o laudo, então uma senhora, tenho certeza que colocada por Deus, começou a conversar comigo e viu a minha situação e se comoveu, entrou e quando voltou, trouxe a autorização para eu fazer o exame, eu a agradeci muito e fui para a sala do RX, quando cheguei la informaram que não tinha mais vaga, porque quando o diabo vem, ele não vem sozinho, rsrsr mas eu orei antes e mais uma vez Deus se fez presente, e a moça que marcava o exame começou a conversar comigo e disse que ia me encaixar, então fiz o RX para pegar o laudo a tarde. Pouco tempo depois, meu pai chega, com o olho inchado de tanto chorar, eu o abracei e disse: Vai dar tudo certo papai, e mais uma vez ele começa a chorar, e eu ali firme, mas por dentro totalmente destruída, em seguida chega um amigo dele (Júnior Góes) e vejo meu pai pela primeira vez chorando na frente de alguém, me afasto e vou la pra frente esperar a minha mãe que tinha ido pegar o carro atrás do hospital, quando encontro uma amiga (Vanessa Cardoso) e eu pensei: Finalmente alguém pra eu poder colocar pra fora o que estava pra explodir, então levei ela pra um cantinho escondido para meus pais não me verem chorando, e comecei a falar o que tinha acontecido, ela me deu um abraço e comecei a chorar, mas rápido me recuperei, pois meu pai me chamou, então me despedi dela e voltei a ser durona novamente, logo depois fomos para casa, todos  muito tristes, eu ia pensativa, tentava fazer uma piadinha, mas era difícil arrancar um sorriso dos meus pais, mas eu continuava, e em um determinado momento minha mãe me olha sorri e diz: Nos vamos vencer minha filha, apenas dei um sorriso, mas por dentro eu chorava pedindo socorro. Não comentei de início com muitas pessoas, liguei para meu amigo Dionatan Castro, para o Caio Pereira e liguei para minha amiga Carla Sheylane, quando contei, ela chorou muito, então vi o quanto se importava comigo, me senti feliz e disse que iria vencer e mostrar quem era o meu Deus, nos dias seguintes fui contando aos poucos para os outros amigos e família em geral, recebi muita força deles, obrigada queridos!
Quando contamos para minha família paterna, eles não permitiram que eu fizesse meu tratamento em Macapá, falaram que la não tinha estrutura, e realmente não tem, mas ficamos tão sem ação que nem pensamos nisso, então minha tia Rosiane, tia Rosa e tia Margareth disseram: vamos mandar ela pra Belém, para o Hospital Ophir Loyola que é referencia na região Norte, foi difícil conseguir os documentos pra transferência, e pra piorar tudo, meus pais estavam passando por um momento financeiro complicado, e ai? O que fazer? Minha família me deu todo o apoio que poderiam dar, me emociono ao falar disso, pois eles me ajudaram muito. Certo dia meu tio ‘’Mick’’ foi em casa, e perguntou se meus pais estavam, eu disse que não e que ele poderia entrar pra esperar, ele perguntou quando eu ia viajar, então expliquei que faltava alguns documentos, e ele começou a chorar, eu fiquei sem reação, perguntei se ele  queria algo, e ele não parava de chorar, ate que meus pais chegaram, e quando meu pai viu o irmão dele, caiu no choro também, ai pronto, aguenta coração, eles entram começaram a conversar na cozinha, quando ele coloca 2.000 mil reais em cima da mesa e diz, essa é minha contribuição pra ajudar minha sobrinha no tratamento, e começa a chorar dizendo que se pudesse ele tirava a doença de dentro de mim e colocava nele, então continuaram a conversar, a noite fomos para o aniversário da tia Zazá, quando chego la, todos me abraçaram e deram palavras de força, quando vi em um certo momento minha tia Eliete chorando conversando com minha mãe, eu me senti mais uma vez amada e senti forças pra continuar lutando.  Meus tios se reuniram junto com o meu pai e vim para Belém com minha mãe, minha irmã e minha tia Rosiane, no aeroporto fui recebida pela minha tia Fátima, minha amiga tia Naza, por meu primo Andrey e a esposa dele, fui muito bem recebida graças a Deus, minha família materna mora toda em Belém, e ficamos na casa do meu tio Roberto. Então dia 01/02/12 começou a luta pela vida em Belém do Pará. E com o passar dos dias descobri algo muito forte em mim e nos meus pais, descobri que possuía uma força que nem eu mesmo sabia que tinha, uma força que me encorajou a lutar pela vida, pela vitória, uma força divina, a força de Deus, mesmo que em alguns momentos eu fique triste, eu sempre encontro forças novamente, a mesma força que meus pais descobriram, minha mãe aqui em Belém lutando comigo me dando força quando desanimo, força que a fez tomar a frente de tudo com muita garra, e meu pai la em Macapá que faz de tudo pra depositar dinheiro sempre que preciso pra ajudar a pagar meu tratamento, que por sinal não é nada barato, meu pai é um herói, o melhor pai do mundo, sinto muita saudade dele, graças a Deus existe o telefone, falo com ele todos os dias, e ele vem me visitar no dia da minha cirurgia. \o/
Minha vinda pra Belém não foi fácil, mas a guerra começou quando cheguei em Belém, conseguir uma consulta em um hospital referencia não é fácil, a primeira consulta é sempre difícil de encarar. ansiedade, medo, todos os tipos de pensamentos negativos, exames pra fazer, enfim, falarei sobre isso no meu próximo post.
Até a próxima!
Fé, coragem, força, determinação e esperança pra vocês...
Beijinhos e que Deus abençoe à todos! ;D

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  1. É isso ai Kamilla.
    Nunca esqueça que Deus é o ser mais poderoso que existe e tudo que ele faz tem um propósito. Apenas creia!

    Força.

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  4. Eis o que encontro passando pela blogosfera: Força, Garra, superação! Tudo isto, é claro, com uma dose, das bem grandes, de fé.

    Confesso, minha querida, não posso dizer nem que imagino como você se sente, mas eu posso orar, torcer e crer que tudo vai dar certo!

    Na plateia da vida já tem mais uma para aplaudir sua vitória!

    Grande Abraço!
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    Junto com as provações sempre virá o escape... acredite nisso!

    Obs. passei por isso faz pouco tempo, hoje fazem 3 meses que operei de um tumor no estômago, senti cada uma dessas sensações com minha familia e amigos...

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  7. Dei uma passada no seu blog, pois tudo relacionado ao câncer me interessa, já trabalhei no Hospital do Câncer, tenho amigos enfrentando a doença... enfim... quero te parabenizar pela coragem, energia e disposição em dividir com o mundo a sua luta. Força e sinta-se abraçada de longe de uma mais nova admiradora!

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